
Capítulo 1: “Aniversário do Clemente”
Por João Vicente Seno Ozawa*
Trabalho no setor de mídias sociais e marketing do Showlivre e, com alguma freqüência, recebo mensagens sobre como é trabalhar por aqui. Na maior parte dos casos, são pessoas que têm vontade de fazer parte da equipe e acreditam que deva ser incrível trabalhar com música o dia inteiro, só pensar nisso, só conversar sobre isso e, ainda, ganhar dinheiro com isso. Eu vou dizer que nunca trabalhei em um lugar como o Showlivre. Então, resolvi juntar o útil ao agradável e contar um pouco do meu olhar sobre o dia-a-dia que se passa aqui, episódios bacanas e, quem sabe, sanar um pouco a curiosidade dos que perguntam.
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Na quarta-feira de 12 de maio era dia de Funk Como Le Gusta no Estúdio Showlivre. O programa, que traz bandas para um pocket show com entrevista, é apresentado pelo Clemente Nascimento, no caso, aniversariante da data.
E como começou o dia? Primeiro, com um belo sol de outono no caminho. Abro a porta e a Thaís, responsável pela recepção, com sua simpatia cativante e diária, avisa, já de antemão, para evitar qualquer constrangimento desnecessário: “Jão, hoje é aniversário do Clemente!”. Ao que respondo: “tô sabendo, brigado!”. Não é todo tipo de ser humano que se preocupa em blindar o colega de trabalho de constrangimentos. Mas ainda bem que essas pessoas existem.
Chego, cumprimento o vocalista do Inocentes, banda que ouvi anos a fio, fui a shows, e jamais imaginaria que teria, dentre seus integrantes, alguém com quem eu dividiria o escritório. Além do Clemente, ali está o Rodrigo Carneiro, editor-chefe do Showlivre. Se você não conhece, ele é vocal dos Mickey Junkies, banda referência dos anos 90, cultuadíssima no cenário alternativo do rock brasileiro. Ainda, escreve com brilhantismo raro e conhece música de uma maneira que eu não sabia que era possível. Até irrita. O cara foi em todos os shows que você acha que deveria ter ido e ouviu toda música que você acha que deveria ter escutado. E depois, ainda conta uma história incrível sobre a composição.
O dia começa normal, faço as coisas que faço, atualizo os perfis das nossas redes sociais, vejo as ordens do dia para o Twitter, checo os ganhadores das promoções... Dali a algum tempo dá a hora do almoço e vai um pessoal até um restaurante próximo, ao lado de uma praça enorme, arborizada. Um pequeno bosque na chamada selva de pedra. E é dia de feijuca, é um dia feliz.
Passa o almoço e vai chegando perto das 15h. Uma hora depois do combinado, alguns membros da banda – formada por dez pessoas – começam a pensar em chegar. Mas é claro que o ganhador da promoção, que veio assistir à gravação, chegou cedo e dá início ao que viria a ser sua longa espera. 16h em ponto, hora do programa. Nem passagem de som foi feita, e a nova previsão de início? 17h. Em vão. Dá o novo horário e, ao invés de começar o programa, acontece enfim a passagem de som. E assim caminha até que, chegando perto das 18h, o aniversariante Clemente desce com tudo e “vamos começar esse programa com quem estiver aí”. Pois é, porque além do atraso inédito, a gravação começou com dois integrantes a menos, fato igualmente incomum.
E eis que, mesmo com o desfalque, quando a banda começa a tocar, o mundo volta ao seu eixo. A despeito do horário, causado por uma confusão da produção do Funk Como Le Gusta, a competência impecável conquista o estúdio – lotado, apesar do atraso – e atrai os visitantes do Showlivre.com. O programa corre bem, do jeito que tem que ser. Até os saxofonistas atrasados chegam e tomam seus lugares, discretamente.
Bem no meio ao programa (e isso você pode ver nos vídeos), após a dica apresentada pelo Carneiro, três tietes saltam sobre o Clemente e um bolo é trazido pela equipe. A idéia foi orquestrada pelo Américo HD, apresentador do Oi Novo Som, programa também produzido pelo Showlivre, e pela Viviane Rodrigues, a Vivi, responsável pela produção. E até a banda acompanhou a brisa, tocando um “Parabéns pra você” coisa fina.
E é isso aí. Para acabar de embelezar o dia, a banda toca uma salsa e tanto e a Paula Scarpato, que cuida do marketing estratégico, e o HD, formam uma dupla em uma dança que deveria ter sido filmada. Afinal, não é todo dia que você vê sua chefe dançando no meio do expediente e acha normal. Oras, e não deveria ser? E ainda tem tanta gente para falar a respeito...
*João Vicente Seno Ozawa é do setor de Mídias Sociais e Marketing do Showlivre.com e escreve no blog Muito horror show.